Há 20 anos, o canadense Gifford Pinchot criou o conceito de intraempreendedorismo – ou “intrapreneur” -, que defende que as pessoas são essenciais para inovar e quem deve estar à frente das iniciativas são os próprios colaboradores da empresa, seja colaborando na criação de novos produtos ou serviços, seja melhorando processos e portfólios já existentes. Tudo com objetivo de ajudar a alcançar resultados mais rapidamente.
Para o autor, isto é uma das bases da inovação bem sucedida. E, por mais que o conceito tenha seus 20 anos de publicação, sua aplicação ainda não é tão disseminada quanto deveria.
Nos dias atuais, quando muito se fala em inovação e na valorização dos talentos para alcance de estabilidade e competitividade, a verdade é que, muitas vezes, o que se vê é falta de estímulo real à interação entre estas duas coisas. Pare aqui e questione-se: aí na sua empresa, os colaboradores são realmente estimulados a inovar? São motivados a engajar-se para trazer inovação e melhorias para o negócio como um todo?
Se sua resposta for “sim”, parabéns, porém é bem provável que ela penda mais para um “sim, mas…”, e é neste “mas” que vamos nos concentrar. O tradicional nas organizações é a projeção de uma cultura baseada em engrenagens estratégicas, todas muito bem azeitadas e definidas, que funcionem exatamente como foram desenhadas para funcionar, garantindo o alcance das metas planejadas.
Entretanto, neste cenário ideal, é bom incluir o fator “pessoas” da forma como ele realmente se apresenta: mutável, pensante, criativo, pessoal. Cada profissional pode, além de atender ao andamento da engrenagem bem estabelecida de seu negócio, também contribuir com novas ideias ou mesmo novas formas de executar o que já está em andamento.
Não só pode como deve ser estimulado a fazê-lo porque assim ele estará exercendo empreendedorismo dentro de uma empresa já consolidada. Estará dando vazão a ideias que, provavelmente, povoam seu dia-a-dia e, quem sabe, até mesmo já estejam sendo aplicadas para facilitar as tarefas dele, só dele, mas possam ser potencializadas para melhorar os resultados de toda a equipe.
Empreender dentro do negócio – ou intraempreender, como define Pinchot – é trilhar um caminho que pode levar ao sucesso das já consolidadas estratégias de uma companhia, além de acrescentar novos ares à rotina, renovando as perspectivas e os resultados. Em outras palavras, inovando.
O ambiente intraempreendedor nasce, cresce, evolui e se expande em função da natureza inovadora das companhias. Por isso, é importante perceber que teias hierárquicas muito limitadoras podem por em risco o bom uso deste recurso que está aí, à sua mão, personificado em cada um dos membros de seus times. Então é preciso acabar com a hierarquia? De forma alguma: só é necessário encontrar formas de equilibrar organização com flexibilidade, dando abertura para a chegada da inovação.
Lembre-se que o processo criativo cresce com o estímulo, e liberdade para criar é uma das melhores formas de estimular. Nem é preciso dar carta branca, afinal, controle e alinhamento também são palavras chave de qualquer negócio. Mas uma luz verde para a inovação se desenvolver pode ser o plus que sua empresa precisa para ganhar ainda mais vivacidade.
Quebre a resistência ao inusitado. Facilite o trânsito entre as ideias e as cabeças decisoras da empresa, ampliando canais de comunicação. Desenvolva líderes incentivadores. Estimule e, sempre que possível, patrocine uma mentalidade de trabalho inovadora – afinal, investir na qualificação das equipes é fundamental em tempos de escassez de mão de obra especializada na TIC. Receba ideias com atenção, avalie-as e, se for o caso, aplique-as. Nada mais estimulante para o crescimento da inovação do que enxerga-la na prática.
Tudo isso garantirá sinergia às diversas peças de seu negócio, e, já dizia Pinchot, a sinergia é mola mestra do intraempreendedorismo.
Não estou dizendo que com tudo isso soluções inusitadas começarão a pipocar para seu negócio instantaneamente, nem que do dia para a noite seus colaboradores receberão uma injeção de pró-atividade e inovação. Porém, sem isso, a chance de que nenhuma destas possibilidades aconteça é bem maior.
A mentalidade empreendedora é o cerne da inovação – basta ver pelas startups que deram muito certo no escopo global da TIC, algumas delas surgidas dentro de uma única cabeça e hoje, multinacionais.
Se você está aqui lendo este texto, é porque seu negócio tem ligação com a TIC, seja fornecedor ou usuário dela. E se está na TIC, operar na fronteira das novas ideias, recebendo enxurradas de conceitos e tendências cotidianamente é uma constante para você.
Pois transforme isso tudo em oportunidade, lembrando, é claro, de avaliar os riscos de cada passo.
Comprometer-se com a inovação é comprometer-se, primeiro, com quem efetivamente faz seu negócio andar – analistas, gerentes, diretores, todas as pessoas que você emprega. Pense nisso e permita-se compartilhar da inovação que há em cada um. Você certamente terá boas surpresas.
Fontes:
http://goo.gl/Qiful6
http://goo.gl/xohcts
http://goo.gl/izmd8U
https://goo.gl/J90mM9
http://goo.gl/SLMfFR
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