João Ledo, Gerente de Contas do Grupo Binário.
João Ledo, Gerente de Contas do Grupo Binário.

Até 2020 existirão 26 bilhões de objetos conectados à Internet, dentro do conceito de Internet das Coisas. Considerando smartphones, tablets e PCs, esse número ganha mais 7,3 bilhões de aparelhos, tudo segundo o Gartner. Agora imagine que, assim como ocorreu com o BYOD, esta tendência crescente da IoT sairá pouco a pouco – ou muito a muito – do ambiente doméstico para o corporativo, e o usuário em breve será seu funcionário equipado com um destes dispositivos.

Nenhum problema, desde que esta nova tecnologia não fosse o que é: redes baseadas em sensores, em um modelo que dificulta a proteção dos sistemas de informação devido à velocidade da evolução tecnológica que as suporta.

Para agravar um pouquinho mais o quadro, um recente painel do evento TIE Startup Con, em Cambridge (Massachusetts), apontou que as empresas atuais não têm capacidade para lidar com os desafios de segurança trazidos pela IoT, e chegou a definir aparelhos desta linha como uma “bomba-relógio” para as redes das companhias. Pimenta que faltava no molho, no mesmo painel se demonstrou que o investimento para chegar a este nível de proteção só ocorrerá quando houver uma violação grave de segurança em uma rede de IoT.

O ruim e velho “tarde demais”. Mas não é à toa: uma solução para segurança de redes na IoT é algo muito complexo. Serão necessárias várias camadas de arquitetura de segurança – firmwares, controladores de conexão (wi-fi, bluetooth, RFiD, etc), middleware para integração, APIs, aplicações em servidores web e por aí vai. Fora o fato de que existem diversos dispositivos trabalhando em conjunto. Desenvolver e testar neste tipo de ambiente será um desafio.

Para enfrenta-lo, será essencial apostar em integração. Os departamentos de TI terão de estar alinhados às áreas de engenharia, operação, pesquisa, marketing e isso não vai ser fácil, visto que não se relacionaram para tal finalidade até os dias de hoje. Além disso, sofrerão pressões ainda maiores por eficiência e desenvolvimento, podendo causar um grande conflito organizacional.
E ainda tem a questão da privacidade. Esse boom de dados deixa todos suscetíveis a invasões.

Ainda que muitas facilidades estejam no horizonte desta nova tecnologia, algum mau uso irá certamente acontecer. A enorme quantidade de informações geradas é uma mina de ouro para companhias e consumidores e corporações podem utilizar esses dados tanto para fornecer uma experiência mais personalizada ao consumidor, o que será ótimo, quanto para vender dados para terceiros como uma forma de monetizar o serviço oferecido, o que já começa a sinalizar perigo. Será importante definir barreiras.

Imagine que você, em um belo dia, vai verificar sua caixa pessoal de e-mails (que só teve tempo de checar no final de semana) e ela estava lotada com mais de 400 spams recebidos com propaganda de parceiros do supermercado sincronizado à sua geladeira, que nunca foram solicitados. Lotação das caixas e sobrecarga dos servidores de e-mail é só uma cerejinha do bolo de preocupações que isso pode trazer.

E quando as informações espalhadas e utilizadas por aí não forem as do estoque do seu refrigerador, mas dos processos e documentos da sua empresa? É, tempos complexos nos aguardam.

A parte boa é que o Big Data ganha relevância justamente nesse momento, embora a colheita de informações de sensores da IoT seja, muitas vezes, suscetível a falhas, já que os tais sensores podem sofrer com calibragem errada, inoperância, e garantir o bom funcionamento de todos requer grande habilidade.

Claro que a IoT também pode trazer bom uso ao seu negócio. Cases de sucesso já começam a se proliferar, dando exemplo disso. Um deles, a Disney, em que os clientes carregam pulseiras com um aplicativo móvel, ligado a um web site dedicado, e, por meio do app, é possível fazer reservas de atrações, ver o mapa e marcar o que já foi visitado. Pode-se também pedir comida com antecedência e ser servido nos restaurantes assim que se entra neles, sem falar com ninguém. Tudo isso está incentivando ainda mais o consumo dos produtos do parque que, convenhamos, já não era nada tímido.

Como toda nova tecnologia, a IoT terá de sofrer adequações baseadas em experiências de mau uso. Talvez com sua popularização vejamos a solução de muitos destes problemas e o surgimento de novas oportunidades de negócio. Fique de olho desde já, busque se informar e capacitar para não ser pego de surpresa e, mais ainda, para atentar para o valor que esta tendência pode trazer para seu negócio e seus clientes.
Fontes:
http://goo.gl/H9SOkD
http://goo.gl/VVXTZh
http://goo.gl/FHDrnC
http://goo.gl/6TjAgJ