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Internet comemora 25 anos

*Por Felipe Locatto

Sir Tim Berners-Lee – ninguém menos do que o criador da World Wide Web (www), em 1989, quando era cientista no CERN (Organização Europeia Para Pesquisa Nuclear) – lançou esta semana uma espécie de “carta magna” dos direitos na Internet, com a campanha The Web We Want (a Internet que queremos).

Para o pai da Internet, este ambiente deve ser regido da mesma forma que a sociedade civil, tendo por base leis de direitos humanos que protejam o internauta e garantam seu comportamento justo na rede.

Uma das coisas que fizeram Berners-Lee trazer o tema à tona – não por coincidência, na comemoração dos 25 anos da Internet – foram as recentes denúncias de espionagem na web, especialmente por parte dos governos dos Estados Unidos e Reino Unido.

Para o inventor da web, seu intuito com a “constituição” da rede mundial de computadores não é propor o “liberou geral” na rede – muito antes, ao contrário. Ele recomenda que se use a Internet como “se alguém observasse sobre seus ombros”, resguardando toda a discrição, sobriedade e respeito que essa postura traria.

Uma máxima que faz tanto alarde quanto sentido. Afinal, quanta atenção você dá ao o que publica na web?

Antes de responder, reflita levando em conta que não estamos falando somente das redes sociais e blogs. Nem de comentários em sites de notícias ou outros conteúdos. Nem da participação em fóruns, grupos e afins, de qualquer setor. Estamos falando também da inscrição na faculdade. Do preenchimento de fichas disso e daquilo para cadastros diversos. Das transações bancárias. Das compras com cartão de crédito. Dos formulários que você preenche, física ou juridicamente, ao cumprir obrigatoriedades ou fazer solicitações a órgãos públicos.

Agora ficou amplo, não? Se pensarmos a fundo, veremos que grande parte da nossa vida, em letras e números que nos definem como cidadãos, eleitores, compradores, vendedores, defensores de teses e opiniões, pessoas físicas ou jurídicas, já foram parar, alguma vez, de alguma forma, em algum tempo, na Internet.

E é esta esfera tão imensa e global quanto próxima de cada um que Berners-Lee propõe “legislar”, da melhor forma que for possível. Ao criar a rede mundial de computadores, ele sabia que criava um novo ambiente de informação, troca de conhecimento e convívio. Ele sabia que criava um novo mundo. E não quer, obviamente, ver sua cria mal na foto.

Como todo pai, Berners-Lee quer o melhor para sua criança, e se enche de orgulho dela. Em seu discurso de lançamento da campanha The Web We Want, ele defendeu a “humanidade conectada” e exaltou “as maravilhas” da Internet.

Porém, não deixou de puxar a orelha pela travessura de haver “sinistro” e “lixo” na web.

Pai consciente, o inventor da WWW deu o recado para os amiguinhos que mundialmente brincam com seu filho, e recomendou constituir definições legais para protege-los e assegurar que se comportem direitinho. Mas também recomendou, para casos de má criação: “se há muito lixo na web, vá ler outra coisa”.

*Felipe Locato é Gerente de Desenvolvimento de Negócios.

**Crédito da imagem: pastorsamuellemos